segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Poemárvore

Quando tem vento as árvores são poesia
Quando não tem são o próprio poema.
E de um poema que eu diria?
Um poema é capaz de me embriagar,
Mas purifica-me quando com vinho,
Eu me embriago de Baudelaire.
Aliás, de poesia!

Pantufa é uma palavra feia


Como se fugissem na calada da noite
Eu nem percebi quando, uma a uma,
Pé ante pé, elas se foram de pantufas.
Amarelas! Eram amarelas e fofas.
E se foram sem que me desse conta.
E agora parece saudade o que tenho,
Mas os sintomas são de febre.
E até mesmo me ardem os olhos.
Tanto tédio que não há remédio.
Fosse outrora eu me entristeceria
Mas agora nem isso...
Sabe, quando impassível, incólume
E ingrato são palavras que combinam com você?
É porque as demais se foram!
E essas já implicam em outras:
Insosso, incerto e vazio...
De nada e de dor passo a viver.
Mas não dói. Se doesse ao menos!
E não quero lembrar-me, mas
Não me esqueço: Inerte
Tenho estado inerte com a cara no muro.
Foi por isso que não vi fugirem
As pantufas amarelas!
E até minha pena eu deixei cair.
Foi seu primeiro tombo!