terça-feira, 26 de julho de 2011

Malabares

Digas-me porque dizes “Do amoroso esquecimento”
Algo de outrora amado te vai desvanecendo agora?
Ou agora és tu que escutas a mim, dizendo assim?
Porque do que escreves me convém sempre.
E se tão apaixonado quanto sou és pela palavra
Dela viveria invariavelmente, e feliz, acrescento.
Mas que dela não me viesse nunca meu pão.
Senão de nobre a pobre iria em segundo.
Que (só) escrevo de alma e encanto. Malabarismo!
Arte! É meu invento, e com as palavras danço.
Quando me julgo entendida deveras é que não fui.
E o que proferi parece despencar das mãos do leitor.
Depois afina-se novamente, sem cordas, sem palheta.
Só com dor, ou contentamento ou exame.
Porque a palavra tem dessas coisas de se fazer dúbia.
Equívoca, imprecisa e multifacetada. Burlesca!
Hás de me prestigiar pela palavra arte-feita que fiz?
Porque só tu, meu bem, não podes faltar a celebrar-me.
Malabares, há de ser o título (do poema de nossas palavras).